Pensamento voa, 2023
Cerâmica e crochê com fio de algodão natural
Dimensões variadas
Refazer, 2023
Cerâmica
Dimensões variadas
Meu trabalho como artista é um caminho em que posso visualizar as muitas bifurcações que vou encontrar no espaço-tempo. É um infinito assustador, necessário e vital no qual estou imersa e onde busco inspirar, expirar e viver. Tudo que vivencio no processo de criação é inundado por um pulsar entre meus pensamentos inquietos, que voam sem permissão para longe de casa, e meu corpo gritando por ser liberdade. Trabalhar com terra, argila, barro, tinta, fio é ouvir o corpo e amarrar os pensamentos em uma trança alta para que minhas mãos queridas possam sentir a vida e para que meu corpo encontre a segurança do momento presente.
Tudo no meu trabalho é biografia e autobiografia. E, quando percebi isso, entendi que não importa o que eu faça e o tanto que eu caminhe, sempre estarei diante de alguma coisa que é inacabada: o trabalho, a jornada, a vida, eu toda. Tudo que sei sobre o mundo e sobre a minha existência é borrado, opaco e inacabado. Conheço uma parte desse todo e ela aprendo a amar e escutar diariamente. Por isso, criar algo novo é apavorante, porque não sei exatamente como vai ser, mas extremamente necessário para que eu me sinta, mais uma vez, livre e viva.
Nesse sentido, acredito que o corpo é meu principal tema de estudo, porque nele eu encontro as teses e as antíteses que movem o meu mundo interior e que transbordam para contar quem eu sou. Entrar em contato diariamente com os emaranhados da criação é um convite para que eu encontre coragem de ser quem eu sou aqui e agora. É perceber tudo o que eu ganhei, guardei e, principalmente, aquelas coisas que ali estão sem que eu escolhesse. Talvez meus trabalhos me deixem contar para vocês um pouco do que eu gostaria de manter nesse corpo e o que eu gostaria jogar fora. Não sei bem. Porém, sei que a artista que eu vejo morar aqui nasceu de uma parte de mim brilhante, mas ainda bruta, que se mostra de uma forma disforme e que denuncia um inacabamento potente. O corpo-casa que ela habita é no processo que existe e, assim, ela vai seguindo em frente em linha reta e curva, encontrando as teses e as antíteses da vida que é uma metamorfose eterna.
Bruna Schmidt, 1990, Porto Alegre, Brasil. Vive e trabalha em Porto Alegre, Brasil.
Bruna Schmidt trabalha com cerâmica, pintura e arte têxtil. Sua pesquisa busca, por meio de reflexões sobre o seu próprio corpo, formas de estar no mundo de maneira mais autêntica. Seus trabalhos expressam uma ânsia por descobrir essa nova imagem de si e por encontrar uma forma de viver a partir de seu próprio olhar. A linha e as palavras são elementos importantes em seus trabalhos, visto que, por meio delas, vai tecendo narrativas sobre memória, sentimentos e inacabamento humano. Para a artista, o processo de criação nas diferentes linguagens é tão importante quanto o objeto de arte, já que é nesse encontro com os dilemas da execução que se apresentam respostas para muitas de suas perguntas. Bruna estuda, atualmente, no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do sul onde cursa Bacharelado em Artes Visuais.
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Instagram: bruna.hschmidt