Nadia Saad

Nadia Saad

Aposto, acontecimento entre vírgulas, 2023
escultura em Porcelana Teixeira, moldada sobre forma com barbotina, com sobreposições de esmaltes autorais queimados em forno elétrico a 1240°
12 x 12 x 13 cm

Um Aposto

Quando tudo começou, era um episódio, um acontecimento entre vírgulas, Sérgio e eu descendo as escadas entre a porta e o portão, uma conversa entremeada de ‘até mais ver’, um aposto, uma pequena pausa para um respiro.
Pois então, agora quando entrei no ateliê e vi os trabalhos lá, parados… vejo-os com o espanto de quem acaba de  descer de uma espaçonave. Vem à tona uma memória onírica, enevoada, como se estivesse  em uma viagem por um passado atemporal e ao mesmo tempo resplandece a magnitude de todos aqueles trabalhos. Uma vivência profunda. Quem os teria feito e o que motivou a fazê-los? 
E apesar de ouvir um convite longínquo para finalizá-los não vou em frente. Nem tão pouco dou ouvidos para novos projetos. Por que não me entrego à pulsão adrenérgica que sempre me impulsionou? O que mudou?
Percebo-me  em um vazio. Mas não é um vazio por falta de ideias e nem é aflitivo. É um vazio de espera. Um silêncio. Um túnel. Uma passagem. Ainda não vejo a luz no final, mas sei que ela vai aparecer. Afinal de contas todo artista é um agente da fé, como diz o nosso Mestre Megume Yuasa. A maturidade traz a calma necessária para viver este processo. Minha vida passa por mim e revisito histórias e fazeres, contemplo os resultados…
E foi assim, então, que ao descer as escadas, me despedir, um ‘até logo’,  quando Sérgio Kloszuka, trouxe à tona a ideia de um aposto. E me dei conta e me convidei a vivencia-lo de uma maneira diferente, 

“…. Virá que eu vi…pelo fato de poder ter sempre estado oculto, quando terá sido o óbvio” – (Um índio – Caetano Veloso)

Nadia Saad

Nadia Saad, artista visual há quase 40 anos, escolheu a cerâmica como suporte principal para a sua expressão.

Em projetos colaborativos e interdisciplinares com químicos, biólogos, geólogos e artistas, ela produz, com suas cerâmicas, instaurações, instalações, vídeos, fotografias e cartografias que buscam tencionar as dicotomias que pesquisa, tais como entre arte e ciência, ou ficção e realidade.
Nadia abre mão de modelos tradicionais e dedica-se a experiências em busca de atalhos e resultados inéditos. O que move a artista é a sua curiosidade em relação aos materiais, e tudo começa com experimentos; o resultado deles são agentes potencializadores que se revertem em inspiração criativa. De acordo com a química, Regina Guaranha, Nadia “faz a matéria falar”. A partir de uma ideia, investiga, por meio de tentativa e erro, soluções para criar ambiguidades de interpretação no objeto criado, ora acentuando a rusticidade da argila, ora a delicadeza da porcelana. Assim, Nadia coloca em cheque as noções convencionais sobre a origem da matéria com que trabalha, subvertendo o que imaginamos serem os processos da natureza.
Nadia Saad participou de várias exposições individuais e coletivas. Entre as coletivas mais recentes estão a NP Art, Beneficente (2022), realizada na Associação Cultural e Esportiva Piratininga, com o apoio do NEB, e a exposição Transmutação (2021), na galeria Sp Flutuante. A sua mais significativa exposição individual foi “Ponto de Mutação”, realizada em 2009 no Banco Central do Brasil, em São Paulo. Além disso, recebeu diversos prêmios, sendo os mais significativos: primeiro lugar na categoria artística/conceitual do concurso “A Xícara do Museu”, promovido pelo Museu do Café de Santos (2020); o Grande Prêmio Bunkyo, pelo conjunto da sua obra, no contexto da comemoração aos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil (2008); e o primeiro lugar do Prêmio Bunkyo de Arte Craft (2007).

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Instagram: nadiasaadsp