Lucila Sartori

Lucila Sartori

sem título 2022
Cerâmica
45 x 27 x 15 cm

Transformar o invisível em visível, transformar o visível em invisível

Em tudo que aparece , algo ou muita coisa se retira. E à isso que se retira é a que o artista está remetido …. ao que não está ….. ao que ainda não foi dito.
Uma ideia invade o pensamento. Permanece ai forçando passagem para o plano do concreto, quer se tomar visível, palpável , ser partilhada.
Vai se derramando como água alcançando a emoção, os sentimentos, o corpo, amadurecendo como fruto, eclodindo em ações sobre a matéria elegida para receber esse fluxo.
Nesse momento a manualidade se apresenta com toda sua história de conhecimentos adquiridos, procedimentos, técnicas, experiências – sua artesania.
Uma dança entre fazer pensar sentir desejar acontece na interioridade do artista mov ido por suas memórias, suas experiências de vida, processo que o faz aproximar de uma matéria escolhida colocando em marcha reflexões que se desdobram sobre a matéria tantas vezes quantas forem necessárias para o desejo e vontade do fazedor.
A matéria então, recebendo das mãos o s gestos necessários, se deixa moldar, adquirindo outro rosto, uma nova existência que aponta a via que poderá ser seguida. A matéria torna-se mestre.
Novos pensares, novos sentires …. e continua o embate- novos e antigos pesares – uma coreografia intrincada ….
Dai advém um algo, um possível entre tantas possibilidades entrevistas. Mas é preciso o desafio da escolha.
À esse percurso de mão dupla, tripla, de inúmeras mãos, que vai do pensar ao fazer, do inteligível ao sensível., mediado por uma vontade sensível e tenaz, um profundo desejo de compartilhamento e um conhecimento das leis físicas dos materiais, designamos como operação poética.
O ir e o vir desse operar é transformador pois nesse movimento, que é tempo, forma e matéria se constituem; pensamento, à principio desorganizado, resulta em organização material visível.
Ê na duração do tempo presente que o processo transformador da operação poética acontece, condensado pelo tempo passado e pe lo tempo futuro.
Emerge em tempo passado como Memória, em tempo futuro como Espera.
A alegria que assoma em nosso cotidiano quando vivenciamos essa experiência é como luz que irrompe na opacidade dos dias, é momento epifânico- Epifania que nos revela que o Real é , ele mesmo, Poesia .

Lucila Sartori

Lucila Sartori, 1943, São Paulo/SP. Artista plástica, trabalho e vivo em São Paulo com gravura em metal, Aquarela e Cerâmica.

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Instagram: lucila6551