Bio e Declaração do artista

Ao se apresentar, o artista enfrenta diferentes solicitações na escrita. Um currículo, uma bio, uma declaração (ou statement), ou todas juntas, quando o currículo é bem elaborado.

A bio abre o currículo, e apresenta, de forma sucinta, a trajetória do artista. Faz sentido pensar nela como se fosse um texto que você entrega a alguém – para ler em voz alta na abertura de sua exposição – que introduz a sua entrada. Por esse motivo, ela é escrita em 3º pessoa. A biografia ajuda a contextualizar o seu trabalho e fornece informações básicas sobre quem você é como artista.

Já a declaração do artista, é outro texto, que também faz parte de um bom currículo – e fundamental em um portfólio -, em que o artista esclarece quais são seus elementos subjetivos para a criação. Ela é escrita em primeira pessoa, e é seu momento de se fazer entender, como artista, ou seja, você pode pensar nela como se fossem as suas respostas a uma entrevista por escrito. Ela é um mergulho em seu próprio trabalho e precisa responder as difíceis questões sobre o que te influencia, o que te motiva, como sua técnica se relaciona com isso. É uma forma de compartilhar sua visão artística, seus conceitos, sua abordagem e seu processo criativo. Se estas questões não estão claras para você, o ideal é manter um diário de seu trabalho, manter um bloco ao seu lado e ir anotando, à medida que trabalha, questões que surgem na sua mente ao longo do processo criativo.

Manter um diário ou um registro das reflexões e anotações relacionadas ao seu trabalho artístico é uma ótima prática. Isso permite que você explore seus pensamentos, organize suas ideias e desenvolva uma compreensão mais clara de sua própria abordagem artística. Essas anotações podem ser uma fonte valiosa de inspiração ao escrever sua declaração do artista, fornecendo insights sobre suas motivações, influências e processos criativos.

Em resumo, a biografia apresenta uma visão objetiva da sua trajetória artística, escrita em terceira pessoa, enquanto a declaração do artista é uma exploração subjetiva e pessoal do seu trabalho, escrita em primeira pessoa. Ambos os textos são fundamentais para comunicar sua identidade como artista e fornecer uma compreensão mais profunda do seu trabalho para o público.

Abaixo alguns trechos de textos que podem ajudar na escrita da Bio e da Declaração de artista. No trecho Minibio, do Guia do Artista Visual, há uma sugestão de estrutura para a escrita. No trecho Breve biografia e apresentação, do manual para criação de Portfólio do Instituto Tomie Ohtake, o enfoque é o portfólio, e como estes textos se encaixam no documento. E no trecho Como Escrever a Declaração do Artista, o enfoque é o trabalho com a fotografia, e oferece algumas dicas sobre como fazer a sua declaração. Vale abrir cada um dos guias e ler na íntegra as sugestões, aqui fizemos apenas um compilado rápido, para introduzir o assunto.

Minibio

fonte: retirado integralmente do Guia do Artista Visual, pág 71

Esse texto difere do currículo pelo formato e pelo conteúdo. A minibio é um texto corrido curto, de um ou dois parágrafos, que descreve a trajetória do artista em prosa, e não em listagem ou tópicos. Ela não traz todos os fatos da trajetória do artista, mas os principais destaques de sua formação, exposições, publicações etc. Assim como o currículo, a bio traz as informações em terceira pessoa. Na prática, é uma versão resumida do currículo.

ESTRUTURA DE UMA MINIBIO
[Nome do artista], [ano de nascimento], [cidade, país de nascimento]. Vive e trabalha em [cidade, país de residência]

[Nome do artista] trabalha com [mídia x], explora/pesquisa [questões y] por meio de [z]. [Detalhes da formação do artista se relevante], [Destaques de exposições solo e coletivas com datas e locais], [Prêmios e outras atividades]

Breve biografia e apresentação

De modo geral, o portfólio contém os dados pessoais do artista (incluindo meios de contato, sites e blogs), uma breve biografia (algo em torno de um parágrafo) com informações sobre a formação do artista (títulos, como graduação, mestrado e doutorado), bem como principais exposições e eventos dos quais participou (além de prêmios, quando for o caso), e a seleção de documentos que compõem a amostra da produção artística. Além disso, é interessante incluir uma sucinta apresentação conceitual de sua produção, isto é, uma breve introdução ao seu trabalho, apontando as perguntas, inquietações, questões, conceitos, campo de interesses, linguagens e metodologias nele presentes. Essa apresentação deve ser clara e convidativa, de modo que pessoas que não conhecem o seu trabalho possam entender do que se trata e se sintam convidadas a explorá-lo mais. Por fim, faz-se desnecessária a inclusão de fotografias pessoais ou da fisionomia do artista com fins de identificação, a menos que formalmente requisitado.

Como Escrever a Declaração do Artista e Porque é Tão Importante

fonte: retirado integralmente do site Photography.tutsplus.com

O princípio orientador que deve se ter em mente é que você deve escrever sua declaração de sua própria perspectiva, e não como uma interpretação do seu trabalho do ponto de vista do espectador. Isso não é uma declaração persuasiva, você não quer dizer aos espectadores como sentir sua fotografia. Ao invés disso você quer dar a eles detalhes que sustentem suas imagens e permitir que esses espectadores reajam com esses detalhes como quiserem.

Para começar a escrever sua declaração do artista, pergunte a você mesmo:

  • Porque você criou sua fotografia?
  • Qual é a história por trás dessa fotografia?
  • O que você está tentando expressar com a fotografia?
  • Como essa fotografia atual reflete aquelas que você fez no passado?
  • Quem ou o que influenciou você a fazer fotografia?
  • Quem ou o que inspirou você a fazer esse projeto?