Catalogando a Arte Contemporânea: Um Guia para Linguagens Híbridas

Sua arte não se encaixa em uma única categoria? Aprenda a catalogar obras de linguagens híbridas, como o "Desenho Expandido", na Plataforma Acervo Vivo usando diferentes campos de forma estratégica.

A arte contemporânea é um campo vibrante e em constante expansão, onde as fronteiras entre pintura, desenho, escultura e outras mídias se tornam cada vez mais fluidas. Talvez seu trabalho não se encaixe perfeitamente em uma única “Linguagem” tradicional. Você faz esculturas que são, em essência, desenhos no espaço? Suas pinturas incorporam objetos e tecidos?

Neste artigo, vamos explorar alguns conceitos contemporâneos, como o “Desenho Expandido”, e te mostrar uma estratégia eficaz para catalogar seus trabalhos que transitam entre diferentes linguagens.


O Desafio de Catalogar a Arte Híbrida

Muitos artistas hoje trabalham de forma transdisciplinar. Uma única obra pode ter elementos de colagem, pintura e escultura, ou ser uma performance que resulta em um objeto. A pergunta “Qual é a Linguagem desta obra?” pode não ter uma resposta simples.

O mais importante não é forçar seu trabalho a caber em uma única caixa, mas sim usar as ferramentas de catalogação para contar a história completa e complexa da sua criação.


O Desenho Expandido

Um excelente exemplo de prática híbrida é o “Desenho Expandido”.

  • O que é? É um conceito que descreve a prática de levar os elementos fundamentais do desenho – a linha, o traço, o gesto, a composição – para além do papel e dos materiais tradicionais. O artista “desenha” com outros meios e em outras dimensões.
  • Manifestações Comuns:
    • A Linha no Espaço: Usar arames, fios, fitas ou luz para criar desenhos tridimensionais no ambiente.
    • O Gesto como Desenho: Utilizar o corpo em uma ação ou performance cujo registro (em foto ou vídeo) captura um “desenho” efêmero no tempo e no espaço.
    • A Colagem ou Assemblage como Desenho: Usar as bordas de papéis recortados ou o contorno de objetos reunidos para criar composições lineares.

Se um artista diz que sua linguagem é o “Desenho Expandido”, ele está comunicando que a lógica e a intenção por trás de suas assemblages, instalações ou colagens partem de um pensamento de desenhista, focado na linha, no contorno e na composição gráfica.

A Pintura-Objeto ou Pintura Escultórica

  • O que é? Refere-se a obras que, embora utilizem a pintura como elemento central, quebram o plano bidimensional da tela tradicional. Elas avançam no espaço, incorporam volumes, usam suportes não convencionais ou se comportam quase como esculturas de parede.
  • Exemplos:
    • Uma pintura sobre uma tela com um formato recortado e irregular.
    • Uma obra onde a tinta é aplicada em camadas tão espessas (impasto) que cria um relevo significativo, tornando-se tridimensional.
    • Telas que são dobradas, torcidas ou combinadas com objetos tridimensionais, como madeira ou metal.
  • Estratégia de Catalogação na Plataforma do Acervo Vivo:
    • Linguagem: Você pode escolher a que melhor descreve a característica dominante. Se o aspecto pictórico ainda é o principal, pode ser “Pintura” ou “Técnica Mista”. Se o volume é o mais importante, talvez “Escultura” ou “Objeto”.
    • Palavras-Chave: Adicione etiquetas como “Pintura Expandida”“Pintura-Objeto”“Pintura Escultórica” ou “Tridimensional” para agrupar esses trabalhos.
    • Campo “Conceito”: Use para explicar sua intenção. Exemplo: “Neste trabalho, investigo os limites da pintura, tratando a tinta não apenas como cor, mas como matéria escultórica que se projeta para fora do suporte.”
    • Campo “Profundidade” (Dimensões): Lembre-se de preencher o campo Profundidade para indicar o volume da obra.

A Arte Processual ou Pós-Minimalista

  • O que é? Uma prática artística onde o processo de criação é tão ou mais importante que o objeto final. Muitas vezes, a obra é resultado de ações como empilhar, rasgar, derramar, ou de processos que envolvem o acaso, a gravidade e a degradação natural dos materiais. O resultado final pode ser uma instalação efêmera, um objeto “inacabado” ou a documentação da ação.
  • Exemplos:
    • Uma pilha de feltro industrial cortado e deixado no chão da galeria (Robert Morris).
    • Obras feitas com materiais perecíveis que se transformam ao longo do tempo da exposição.
    • Uma ação de derramar chumbo derretido no canto de uma sala (Richard Serra).
  • Estratégia de Catalogação na Plataforma do Acervo Vivo:
    • Linguagem: A forma final ditará a escolha. Pode ser “Instalação”“Escultura”“Objeto” ou, se o foco for o ato, “Ação Artística”.
    • Palavras-Chave: Use termos como “Arte Processual”“Pós-minimalismo”“Arte Efêmera”, “Matéria Orgânica”.
    • Campo “Processo” (Aba Detalhes): Este campo se torna absolutamente crucial para este tipo de trabalho! É aqui que você descreverá em detalhes as ações, os materiais e as regras do processo que deram origem à obra. A descrição do processo é parte da obra.
    • Aba “+ Imagens e Docs”: A documentação fotográfica e em vídeo do processo de criação ou da transformação da obra ao longo do tempo é essencial. Faça o upload dessas imagens e vídeos aqui.

Estratégia para Catalogar Trabalhos Híbridos na Plataforma do Acervo Vivo

Como documentar um Trabalho que é, ao mesmo tempo, uma assemblage e um “desenho expandido”? A solução está em usar diferentes campos da plataforma de forma complementar para contar a história toda.

Passo 1: Escolha a “Linguagem” que Descreve a Forma Final

  • No campo “Linguagem” (na Aba Ficha Técnica), escolha o termo que melhor descreve a materialidade ou a forma final da obra. Isso é importante para a documentação técnica e para que o público entenda o que está vendo.
  • Exemplo: Para a artista que trabalha com Desenho Expandido, se a obra é feita de objetos unidos, ela selecionaria a Linguagem “Assemblage”. Se for uma colagem, ela selecionaria “Colagem”.

Passo 2: Use as “Palavras-Chave” para Adicionar a Camada Conceitual

  • O campo “Palavras-Chave” é a sua ferramenta mais poderosa para adicionar classificações que transcendem a forma física.
  • Como fazer: Crie e associe uma Palavra-Chave que descreva o conceito ou a abordagem híbrida, como “Desenho Expandido”, “Arte Processual”, “Prática Híbrida”, etc.
  • Benefício: Ao fazer isso, você pode, a qualquer momento, filtrar por essa Palavra-Chave e ver todos os seus trabalhos (sejam eles assemblages, colagens ou instalações) que fazem parte desse corpo de pesquisa conceitual.
  • ➡️ Aprenda tudo sobre como usar essa ferramenta em: “Guia de Palavras-Chave

Passo 3: Use o Campo “Conceito” para Explicar sua Intenção

  • Na Aba “Detalhes”, o campo “Conceito” é o seu espaço para escrever e aprofundar sua intenção como artista.
  • O que escrever: Aqui você pode explicar a relação entre a forma e a ideia.
  • Exemplo: “Embora este Trabalho se apresente formalmente como uma Assemblage, minha abordagem parte do pensamento do Desenho Expandido. Meu interesse está em explorar a linha e a composição não através do grafite, mas pela justaposição de objetos encontrados no espaço, investigando como seus contornos e silhuetas criam uma nova paisagem gráfica tridimensional.”

Conclusão: Documentando a Complexidade da Sua Arte
A arte contemporânea é rica e complexa, e sua catalogação também deve ser. Ao combinar o uso da Linguagem (para descrever a forma), das Palavras-Chave (para agrupar por conceito) e do campo Conceito (para explicar sua intenção), você pode usar a Plataforma do Acervo Vivo para criar um registro multifacetado que faz jus à profundidade do seu trabalho.

Não tenha receio de usar as ferramentas de forma criativa para contar a história completa da sua arte!